Como o alecrim faz bem ao cérebro
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alecrim é um arbusto que atinge 1,5 metros de altura. É muito comum nos países próximos ao mar Mediterrâneo, locais de solo pedregoso e arenoso. Facilmente encontrada no sul da Espanha, Portugal, Itália, França, Grécia e nas Ilhas Canárias. Também encontramos no norte da África, principalmente no Líbano, Egito e Tunísia. Floresce quase o ano todo, sem precisar de muitos cuidados quando plantado em vasos. O alecrim deve ficar em locais ensolarados e frescos. Aliás, a qualidade do seu óleo essencial vem exatamente dessa característica.
Todos podem ter um pé de alecrim em casa, pois, não são necessários muitos cuidados. Não precisa de fertilizantes, mas, um pouco de cal no solo é bem-vindo. Plante o alecrim no outono. Deve ser mantido preferencialmente aparado, para evitar o crescimento excessivo e a perda de folhas nos ramos interiores e inferiores. A erva pode ser propagada através de uma planta já existente, ou através do corte de um ramo novo entre 10 e 15 centímetros, retirando algumas folhas da base, plantando diretamente no solo. Sua rega é feita apenas quando o solo estiver seco a mais de dois centímetros de profundidade.
Suas folhas são verdes, pequenas e finas. O interior delas é verde acinzentado e a parte inferior é um verde brilhante. Os romanos chamavam o alecrim derosmarinus, palavra em latim que significa orvalho que vem do mar, devido à coloração azulada das flores. Para eles, a planta representava o amor e a morte. Símbolo de fidelidade entre os namorados, o alecrim era usado na Era Medieval para purificar os quartos de pessoas doentes. Os egípcios viam o alecrim como um símbolo de imortalidade, e era colocado próximo aos túmulos.
Seu uso também é relatado pela Igreja Católica. Quando Maria fugiu para o Egito com o menino Jesus no colo, lírios iam se abrindo à medida que a sagrada família passava. O alecrim ficou triste por não ter a mesma beleza das pétalas dos lírios. Maria sentou-se à beira de um rio e lavou as roupinhas do menino Jesus e pendurou-as no alecrim. A planta, agradecida, sustentou as peças ao sol durante toda a manhã. Outra ligação com a sagrada família é que Maria teria sentado à sombra de um alecrim para amamentar o menino Jesus. Muitos acreditam que isso explica o fato desse arbusto não crescer tanto. Relatos indicam que a planta era utilizada em rituais, queimada até seu final como se fosse um incenso. A Igreja Ortodoxa grega até hoje usa o óleo para unção. Na umbanda e candomblé o alecrim é utilizado em banhos e como incenso.
O odor das folhas é forte, fresco e herbáceo. O sabor é picante e amadeirado, ficando mais concentrado quando não está fresco, sendo recomendável usar menos. O alecrim é muito utilizado nas culinárias italiana e francesa. Ótimo tempero para peixes, frango, carnes de porco e vermelha. A planta ainda pode ser empregada na aromatização de vinagres.
A flor produz mel de especial sabor. O mel do alecrim tem cor âmbar claro, que volta ao branco quando é cristalizado. Muito aromático, seu sabor é suave. Promove circulação cerebral e potencializa a concentração. Não é recomendável para pessoas hipertensas.
O óleo essencial de alecrim é obtido mediante a destilação a vapor da planta. Seu aroma é forte, porém, agradável. Age como estimulante da memória e combate o cansaço mental. O óleo precisa ser diluído antes de qualquer aplicação e não pode ser utilizado por durante a gravidez, nem por hipertensos e epiléticos.
Muito além da culinária
O uso do alecrim na culinária é bastante conhecido. Entretanto, a erva também possui propriedades medicinais, e não são poucas. O filósofo e médico grego Hipócrates recomendavam o consumo do alecrim. Os benefícios dessa erva ganharam grande impulso na Idade Média e no Renascimento. A “água da rainha da Hungria” famosa solução rejuvenescedora surgiu porque Elizabeth, a rainha desse país, presa a uma cadeira de rodas, teria inventado essa milagrosa solução que recuperou sua saúde. A marquesa de Sévigné indicava a “água de alecrim” contra a tristeza. O filósofo, educador e artista Rudolf Steiner declarava que a planta é calorífera, fortalecedora do centro vital e que age em todo o organismo.
O chá de alecrim, chamado de “chá de alegria” e de “chá da coragem”. Uma salmoura com chá de alecrim faz maravilhas para os pés após longas caminhadas. O óleo essencial possui propriedades calmantes. Ele é muito recomendado no combate da fadiga física e emocional. Benefício pouco conhecido dessa erva é que ela é um poderoso estimulante sexual. Acredita-se que duas xícaras por dia (uma de manhã, outra à noite) são capazes de tratar a impotência e a falta de libido em homens e mulheres.
O alecrim é contraindicado para crianças, idosos com problemas renais crônicos, grávidas, mulheres que estão amamentando não devem consumir alecrim. Se você não está nesse grupo, o uso é liberado. Porém, o uso indiscriminado do chá de alecrim pode ter efeito laxante. Se usado com cautela, você absorve o melhor dessa bebida. Confira então as várias utilidades dessa planta tão aromática:
Crescimento do cabelo
O tônico do alecrim fortalece os cabelos, prevenindo a queda. Pode ser usado no tratamento da caspa. Para fazer o tônico, ferva um copo de água com duas colheres de alecrim. Desligue o fogo assim que começar a ferver e abafe. Deixe esfriar, coe e guarde. Aplique após lavar os cabelos, fazendo massagens circulares. Deixe secar naturalmente e tire no dia seguinte
Retarda o envelhecimento
Por ter vitamina C, o alecrim favorece a regeneração celular, aumenta a firmeza e melhora o tônus da pele. Para quem tem espinhas, faça um chá de alecrim bem forte. Coe, passe com a ajuda de um algodão nas regiões mais afetadas. Guarde o restante em um vidro escuro e use por mais uns dois dias.
Propriedades Diuréticas
A erva ajuda no combate a retenção de líquidos. Se usado regularmente, auxilia os rins a expelir o excesso de água no organismo.
Saúde respiratória
Pesquisa realizada pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP) concluiu que o alecrim auxilia a combater o vírus da gripe. A planta tem ação expectorante, sendo indicada em casos de tosse.
Exalar o cheiro do óleo essencial ajuda a combater o descongestionamento dos resfriados, infecções respiratórias e alergias. Além do óleo, você pode ferver alecrim fresco e respirar o vapor para limpar os pulmões e a garganta.
Metabolismo da glicose
As vitaminas B1 e B2 atuam no metabolismo da glicose, dos ácidos graxos e aminoácidos, ajudando o organismo a usar essas substâncias de forma correta. O alecrim atua na assimilação do açúcar, sendo indicado para recompor o sistema nervoso após uma longa atividade intelectual. As vitaminas auxiliam ainda na formação da bainha da mielina, que fica ao redor das fibras nervosas e permite a troca de mensagens entre os nervos.
Alivia dores
Ferva um punhado de alecrim em uma panela cheia de água e transfira para um recipiente. Proteja a cabeça com uma toalha e incline-se para inalar o vapor. Dez minutos bastam para acabar com a enxaqueca. Para dores reumáticas, reumáticas e musculares use óleo essencial diluído para fazer massagens.
Anti-inflamatório: O alecrim contém ácido carnósico e o carnosol, poderosos anti-inflamatórios. Eles inibem a enzima COX-2, responsável pelas dores e inflamações. O carnósico e o carnosol brecam a produção de óxido nítrico, que também possui atuação relevante nos processos inflamatórios.
Previne o câncer
O ácido carnasol é uma importante substância anticâncer. Muito eficaz contra o câncer de mama, próstata, leucemia e câncer de pele. Estudos com ratos comprovam que a planta reduz em até 76% o agente cancerígeno dos tumores mamários.
Porém, as propriedades medicinais do alecrim vão além. Na Grécia antiga a planta já tinha a fama de ser boa para a memória. Alunos gregos colocavam auréolas de alecrim nos cabelos antes das provas. Pesquisas indicam que a erva contém propriedades neuro-protetoras que protegem contra a perda de memória e também contra o mal de Alzheimer.
Estudo realizado por Mark Moss na Universidade de Northumbria (Grã Bretanha) testou os possíveis benefícios do alecrim para a memória futura, que é o “lembrar de lembrar”, ou seja, você se lembra que não pode esquecer uma determinada coisa. A medicina não oferece muitas alternativas para a perda da memória provocada pela demência, os poucos remédios não são totalmente eficazes. Moss e sua equipe recrutaram 60 idosos para testar os efeitos do óleo de alecrim e também da lavanda.
Sala de alecrim
Os participantes ficaram em salas com óleo essencial de alecrim, de lavanda e sem cheiro nenhum. Os voluntários eram submetidos a testes de memória. Lembrar onde alguns objetos foram escondidos no início do teste, quebra-cabeças. Ao longo dos testes, as atividades se tornavam-se mais difíceis. Quem estava na “sala de alecrim” teve resultados satisfatórios. O desempenho dos participantes que estavam na sala com aroma de lavanda foi menor, porque esta tem efeito calmante.
Segundo os estudiosos, o alecrim tem compostos que podem promover alterações no desempenho da memória. O 1,8 cineol (ou eucaliptol) pode agir de forma semelhante aos medicamentos utilizados no tratamento contra a demência. A substância aumenta o neurotransmissor chamado acetilcolina. O eucaliptol evita que o neurotransmissor se quebre em uma enzima.
Inalar ou ingerir alecrim
Enquanto a inalação do óleo essencial atua no cérebro, a ingestão não tem esse efeito. Quando tomamos um remédio via oral, ele pode ser quebrado durante a digestão. Porém, a inalação do óleo essencial faz as pequenas moléculas passarem diretamente para a corrente sanguínea sem ser quebrado no sistema digestivo. Por atuar no cérebro, a inalação do óleo essencial é mais eficaz do que a inalação, de acordo com a pesquisa. Porém, isso não quer dizer que você deve começar cheirar alecrim. Essa pesquisa é o primeiro passo rumo às descobertas sobre o funcionamento dos óleos essenciais. Além do mais, ainda há muito a ser descoberto sobre o funcionamento do cérebro.
As plantas são utilizadas para fins medicinais desde os tempos mais longínquos.
O alecrim ajuda no combate de doenças diversas. Seus benefícios vêm sendo relacionados à memória, porém, as pesquisas ainda estão em estágio inicial. Queremos alertar as pessoas que as ervas devem ser consumidas com parcimônia. Todas possuem efeitos colaterais. Quando consumido em excesso, o alecrim causa reações alérgicas e problemas gastrointestinais. Mulheres grávidas devem consumir o alecrim apenas em forma de tempero. O chá causa contrações uterinas e pode levar ao aborto. Tomar o chá de alecrim no máximo duas vezes por dia é o ideal.
Você pode variar o chá de alecrim acrescentando limão. Esquente 200 ml de água. Coloque uma colher de chá de alecrim seco e espere cinco minutos. Coe, esprema ¼ de limão, se quiser acrescente um pedacinho de gengibre e beba. Como a erva possui propriedades calmantes, a ansiedade é eliminada, consequentemente, a compulsão por comida. O chá de alecrim e o consumo da planta como tempero é altamente benéfico, contudo, não faz milagres, não substitui os tratamentos médicos convencionais.
Em relação à influência da planta com a memória, é preciso associar o consumo do alecrim com exercícios para o cérebro. Tomar banho e vestir-se de olhos fechados, andar de trás para frente, fazer um novo caminho para ir ao trabalho ou a escola são dicas de como exercitar o cérebro. Tais atividades mudam o comportamento rotineiro para “forçar” a memória.
Use o alecrim como tempero, em forma de chá, dentro do travesseiro e em massagens. Experimente deixar o varal de roupas próximo ao pé ou do vaso. As roupas ficarão com um cheiro maravilhoso. Aproveite tudo que a planta oferece de bom, mas, faça sua parte. Usar o alecrim (e qualquer outra erva!) com precaução faz bem para a saúde como um todo, não apenas para o cérebro.
- Texto escrito por Sumaia Santana da Equipe Eu Sem Fronteiras
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