As Sete Igrejas de Apocalipse: Laodiceia
Mark Bates09 de Abril de 2015 - Igreja e Ministério
Perspectiva do pastor
Surgiram diversos vazamentos nas tubulações em nossa casa. Uma vez que a maioria dos meus vizinhos havia substituído o seu encanamento, eu sabia que era o momento de fazer o mesmo. Contudo, contratar um encanador para fazê-lo custaria milhares de dólares. Meu amigo, Monte, acabara de refazer ele mesmo a encanação de sua casa e se ofereceu para ajudar–me. Eu não sou um homem habilidoso, mas sou um pão-duro. Então, pensei, ele poderia ser o encanador e eu seria o ajudante de encanador. Em uma semana, eu tinha um novo sistema de encanação.
Poucos dias depois, quando eu e minha esposa voltamos para casa à noite, abrimos a porta e a casa estava inundada. Aparentemente, eu havia falhado em conectar corretamente uma das tubulações. A água cobria quase três centímetros por toda a casa.
Constrangido pelo problema, eu não desejava pedir ajuda para consertá-lo. Então, dirigi até o Wal-Mart para comprar um esfregão e um rodo. Logo descobri que meu esfregão e meu rodo não eram páreo para o pequeno lago em minha casa. Gostando ou não, eu precisava de ajuda. Minha ilusão de autossuficiência apenas estava piorando o problema.
Em sua carta à igreja de Laodiceia, Jesus nos alerta acerca do perigo da autossuficiência. Laodiceia era um próspero centro financeiro e tinha orgulho de seus abundantes recursos. No ano 60 d.C., a cidade foi destruída por um terremoto. Em vez de aceitar ajuda do Império Romano, o povo de Laodiceia recusou toda ajuda e reconstruiu a cidade por si mesmo, com seus próprios recursos. Eles não precisavam da caridade de ninguém.
Contudo, embora Laodiceia parecesse ter tudo, ela na verdade carecia do mais básico dos recursos – água. Diferente das cidades montanhosas que possuíam correntes de água fria ou da vizinha Hierápolis, que tinha acesso a fontes termais, Laodiceia não tinha nenhum recurso hídrico próprio. A água precisava ser trazida por meio de aquedutos. Ao chegar à cidade, a água estava morna e cheia de sedimento. Água fria é boa para beber e julgava-se que fontes termais tinham qualidades medicinais, mas água morna e cheia de sedimentos não refresca nem cura. É detestável.
Jesus diz à igreja laodicense que ela era exatamente como a água da cidade. “Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente! Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca” (Apocalipse 3.15-16).
Jesus não está dizendo que gostaria de que eles fossem espiritualmente quentes ou frios, em vez de serem espiritualmente mornos. Em nenhum lugar Deus deseja que o seu povo tenha corações frios. Em vez disso, Jesus explica o que quer dizer por “morno” no versículo seguinte. “Pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu” (v. 17). O indivíduo morno não é aquele que tem pouca paixão por Deus. Em vez disso, o indivíduo morno é aquele que perdeu a sua dependência de Deus. Em sua arrogância, ele acredita não ter nenhuma necessidade da justiça de Cristo porque tem tudo em si mesmo.
Sempre que nos tornamos orgulhosos de nossa própria bondade moral, já caímos no perigoso pecado dos laodicenses. Nós somos como água morna. Estamos nos esquecendo de que todas as nossas obras de justiça não são mais do que trapos de imundícia (Isaías 64.6). Jesus considera esse tipo de orgulho espiritual tão ofensivo a ponto de deixá-lo enjoado. Ele vomitará de sua boca todos aqueles que pensam ser ricos em suas próprias obras de justiça.
Walter Marshall disse: “O seu coração é viciado em salvação pelas obras”. Como resultado, nós frequentemente vestimos nossas boas obras como insígnias espirituais meritórias em peitos envaidecidos, pensando que podemos impressionar Deus com nossos atos justos. Como o fariseu em Lucas 18, nós nos orgulhamos de não seremos como os demais homens. Afinal, não estamos nos envolvendo na perversidade de nossa cultura. Em vez disso, nós jejuamos, dizimamos, lemos nossas Bíblias e servimos na igreja. Contudo, precisamos perceber que a autossuficiência arrogante resulta em obras detestáveis, qualquer que ela seja.
A menos que vejamos que somos pobres e necessitados, Jesus não terá parte conosco. Não começamos a vida cristã pobres e, então, crescemos nas riquezas de nossa própria justiça. Em vez disso, começamos a vida cristã em falência espiritual. Ao crescermos, nós chegamos a um entendimento ainda maior da profundidade do nosso pecado e da nossa imensa necessidade de um salvador. É apenas quando enxergamos nossa pobreza e necessidade que podemos nos tornar verdadeiramente ricos. É por isso que Jesus diz: “Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas” (Apocalipse 3.18). Cristo não está nos chamando a nos chafurdarmos em nossa pobreza espiritual, mas a nos deleitarmos nas riquezas de sua graça.
Tradução: Vinícius Silva Pimentel
Revisão: Vinícius Musselman Pimentel
Revisão: Vinícius Musselman Pimentel
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